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21 de novembro de 2014
O animal satisfeito dorme
O surpreendente Guimarães Rosa dizia: “o animal satisfeito dorme”. Esta frase nos traz um alerta do grande risco que nós, seres humanos, temos em cairmos na monotonia. Toda a vez que nos sentimos confortáveis com nosso dia a dia, com nossos desejos, com o trabalho, família, enfim, quando o ar de conforto toma conta, o que fazemos? Rendemo-nos a este encanto e ficamos em repouso, nos imobilizamos, nos acomodamos e achamos isto normal.
Cada vez que estamos satisfeitos nos sentimos tranquilos, pois a satisfação não traz um sentimento de continuidade é como se tudo tivesse encerrado, não traz lugar para a persistência para a atitude. A satisfação acalma, nos limita, vem amortecendo nossos hábitos.
Quando você escuta alguém dizer, “fiquei muito satisfeito com você”, ou “estou satisfeita com seu trabalho”, é importante prestar atenção nisto, pois quem está satisfeito não espera mais nada, não quer nada além daquilo que foi ofertado.
Mario Sérgio Cortella diz “uma boa festa, um bom filme, uma boa cerimônia não é aquela que queremos que se prolongue?”. Nossa vida também é assim, não estamos totalmente prontos e muito menos acabados, sorte a nossa, pois se estivéssemos satisfeitos conosco mesmos nos consideraríamos acabados como se não precisássemos apreender, nem melhorar nada.
Somos insatisfeitos e com isto vem uma dose de ambição o que nos permite querer mais e melhor, diferente do ganancioso que quer tudo para si. As pessoas não nascem prontas, as pessoas vão se constituindo, vão se fazendo.
Temos que ter uma atenção especial para os setores da nossa vida em que estamos “satisfeitos”, não podemos fazer como os animais que satisfeitos dormem, é necessário querer e fazer diferente, fazer algo novo, algo bom para nós mesmos e para os outros. A acomodação não pode virar hábito, achar que tudo sempre foi assim e nunca poderá mudar é como comprar uma vela, ascender e ficar esperando pelo próprio sepultamento.
